segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Médio Oriente: Guerras no Quintal

A altura para mais um período de instabilidade não poderia ser melhor: o Hamas precisava de novos incentivos e apoios, mesmo no interior da Faixa de Gaza, zona onde não prolifera propriamente uma democracia apetecível e os direitos humanos não são elemento chave para a governação. O excessivo tempo de tréguas poderia levar a questões entre a população, que sem deixar deixar de ver Israel como inimigo poderia indagar, à falta de um imediato conflito justificador de distracções, as formas de administração naquele espaço.
Com a vacatura de poder nos EUA, só a funcionar a partir de meados de Janeiro, havia que consolidar posições que permitissem vantagens para as negociações que naturalmente decorrerão com a investidura da nova governança na América. Daí à prevaricação foi um passo, sabendo-se de antemão que a resposta não seria suave e que da violência daí resultante novas uniões emergeriam entre as populações árabes mais susceptíveis de ser influenciadas pelo radicalismo islâmico. Se a vida não é fácil para os israelitas e palestinianos, muito difícil é a sobrevivência de Mahmud Abbas, para quem o verde do Hamas representa tudo menos a esperança.
Pelo que nos é possível descodificar, a seguir aos raides aéreos estará em preparação uma intervenção terrestre segundo os cânones da guerra, mas ao contrário do que aconteceu na última guerra do Líbano, numa tentativa de eliminação (frustrada) de um elemento à margem do Estado libanês, mas com tanta, ou mais, força que este, o objectivo será mais cirúrgico, até porque as condições no terreno são diferentes, e visarão a supressão das redes logísticas de apoio ao Hamas. Mas por mais cirurgia que se queira, sendo a estratégia de defesa a dissimulação entre a população civil, Israel terá na frente diplomática grandes dificuldades em obter apoios face aos danos colaterais (leia-se baixas nas populações civis com particular destaque para as crianças e neste particular a televisão não perdoa) entretanto causados.
Não será por isso mais fácil para o poderoso exército israelita. Com a sua entrada na Faixa de Gaza, uma estreita faixa de terra com uma grande densidade populacional explodirá uma guerrilha urbana, casa a casa, rua a rua, com as estruturas do Hamas rodeadas de população civil num combate que será certamente sanguinário e marcante para ambos os lados em conflito. Mas não estavamos todos à espera de Obama? Wait and see....

1 comentário:

remedios disse...

Não deixa de ser curioso, paradoxal, contraditório, não sei que mais o quê, o facto de precisamente na terra onde JESUS nasceu,acontecerem com grande regularidade (excepto em períodos que "eles" consideram de tréguas, que são poucos e curtos)confrontos, bombas, tiroteios, bombardeamentos, "intifadas", etc etc .....DEUS fez, o homem desfez; DEUS construiu, o homem destruiu; DEUS é concórdia, o homem é discórdia; DEUS É PAZ, o homem é guerra; resumindo, a vida é bela, nós é que damos cabo dela.